A Integração como Chave para Enfrentar os Impactos e Alinhar Estratégias

Por Igor Luiz Pereira, Diretor de Inovações – Juscon Assessoria Contábil

Tempo de leitura 4 minutos

A Reforma Tributária brasileira, regulamentada pelo PLP 68/24, trouxe mudanças profundas que já começam a impactar diretamente as empresas, exigindo delas não apenas ajustes técnicos e financeiros, mas uma análise ampla e coordenada dos reflexos em toda a cadeia de valor. Isso significa olhar com atenção para os impactos provenientes dos fornecedores, promover uma colaboração interna eficaz entre áreas como comercial, financeira e de insumos produtivos, além de compreender os reflexos que a empresa inevitavelmente gera para seus clientes.

Esses desafios demandam uma abordagem integrada e fluida, onde o entendimento dos impactos e a construção de estratégias passam por diálogos interdepartamentais e uma visão holística de como as mudanças tributárias afetam tanto o ambiente interno quanto as relações externas.

Os Impactos Provenientes dos Fornecedores

Um dos primeiros reflexos da reforma tributária ocorre na relação com os fornecedores. Alterações como a unificação de tributos e o fim de eventuais benefícios fiscais regionais e setoriais já começam a ser percebidas, especialmente no custo dos insumos. A tributação no destino também redistribui os encargos, o que pode tornar mais caro adquirir produtos de fornecedores em estados que antes ofereciam incentivos fiscais significativos.

Essas mudanças e o novo modo de creditamento afetam diretamente os custos operacionais das empresas, criando a necessidade de renegociar contratos, reavaliar parcerias e, em alguns casos, considerar novos fornecedores que possam oferecer condições mais competitivas. Além disso, a velocidade com que os fornecedores se adaptam às mudanças tributárias impacta diretamente a estabilidade da cadeia de suprimentos.

Por isso, estabelecer uma antecipada comunicação próxima e colaborativa com fornecedores é essencial. A troca de informações e a transparência nesse relacionamento ajudam a mitigar riscos e a encontrar soluções conjuntas para desafios emergentes, como o repasse de custos ou ajustes logísticos.

A Colaboração Interna como Pilar para a Adaptação

No ambiente interno das empresas, os desafios da reforma demandam uma colaboração estreita entre áreas estratégicas da empresa. Comercial, financeiro e insumos produtivos precisam atuar de forma integrada, uma vez que os impactos tributários afetam simultaneamente preços, margens de lucro, custos operacionais e estratégias de venda.

A área financeira, por exemplo, tem o papel crucial de mapear e simular os impactos das novas alíquotas e formato de recolhimento que impactam totalmente o fluxo de caixa. Esses dados, por sua vez, orientam a área comercial na definição de preços que sejam competitivos, mas que também mantenham a sustentabilidade do negócio.

Enquanto isso, a área de insumos produtivos precisa alinhar suas estratégias de compra com as mudanças na tributação dos fornecedores, garantindo que as decisões sobre suprimentos considerem não apenas os custos, mas também a eficiência e a continuidade das operações.

Essa colaboração só é possível com uma comunicação fluida e alinhada entre os departamentos. Reuniões regulares, compartilhamento de informações e a criação de comitês internos para acompanhar a implementação da reforma são práticas que ajudam a garantir que decisões sejam tomadas de forma integrada, levando em conta os impactos totais nas operações da empresa.

Os Reflexos Gerados para os Clientes

À medida que as empresas ajustam suas operações para lidar com a reforma, é inevitável que esses ajustes gerem reflexos para os clientes. Alterações nos preços, estar no Regime Simples Nacional, prazos ou a categorização de tipo de produtos ou serviços são consequências comuns em um cenário de transição tributária.

Para o cliente final, as mudanças podem ser percebidas como aumentos de preço em produtos sujeitos a novas alíquotas, especialmente em segmentos afetados pelo Imposto Seletivo. Por outro lado, setores essenciais, como saúde e educação, podem se beneficiar de alíquotas reduzidas, tornando produtos ou serviços mais acessíveis.

Compreender como essas mudanças afetam o comportamento dos clientes é crucial para ajustar estratégias comerciais. Empresas que se anteciparem às preocupações dos consumidores, comunicando de forma clara as razões por trás dos ajustes e destacando os benefícios da reforma, terão maior facilidade em preservar a confiança e a fidelidade do cliente.

Além disso, revisar portfólios de produtos e identificar quais itens têm maior potencial de crescimento no novo cenário tributário pode ajudar a mitigar os impactos negativos, fortalecendo a competitividade no mercado.

A Integração como Resposta aos Desafios

A capacidade de navegar com sucesso pelas mudanças trazidas pela reforma está diretamente relacionada à integração entre áreas e à visão ampla dos impactos na cadeia de valor. Enxergar os reflexos como um ciclo contínuo — que começa nos fornecedores, passa pelas operações internas e chega aos clientes — permite que a empresa tome decisões mais informadas e estratégicas.

Essa integração demanda liderança ativa, comunicação clara e processos bem definidos. Líderes precisam atuar como facilitadores, promovendo o diálogo entre departamentos e garantindo que as ações estejam alinhadas com os objetivos estratégicos. A comunicação, por sua vez, deve ser consistente e acessível, para assegurar que todos os envolvidos compreendam as mudanças e colaborem para superá-las.

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